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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Estudo avalia o ensino da gramática na Baixada Fluminense


No campo das discussões científicas sobre a língua portuguesa, os pesquisadores concordam que o ensino, tal como tem sido feito, principalmente nas escolas públicas, está muito longe de formar alunos com pleno domínio da norma culta, seja para expressão oral em situações específicas, seja para a escrita de textos mais formais. O que divide a opinião dos estudiosos, no entanto, é que uma parte deles acredita que o problema esteja em dar ênfase aos conceitos gramaticais, defendendo mais o uso da interpretação e produção de textos, enquanto outros pesquisadores apontam que as dificuldades apresentadas pelos estudantes são causadas por problemas da própria estrutura do ensino e não por ineficiência da gramática, que continua sendo essencial para que alunos se tornem cidadãos e profissionais mais bem qualificados, com capacidade para lidar melhor com a variedade padrão da língua. Fernando Vieira Peixoto Filho, professor de Língua Portuguesa no Departamento de Letras da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), é defensor convicto da necessidade do ensino de conceitos gramaticais. Ele coordena grupo de pesquisa que desenvolveu um projeto para avaliar o ensino de gramática na Baixada Fluminense (EGBF), que foi contemplado com um Auxílio à Pesquisa (APQ 1), da FAPERJ. Para a análise, foram aplicados questionários para cerca de 100 professores de Português e 1.500 alunos, distribuídos em 15 escolas públicas nas cidades de Belford Roxo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti. "Os resultados obtidos apontam a validade do ensino de gramática para garantir o acesso do grande público à norma padrão, mas também confirmam velhos problemas, como a baixa carga horária destinada ao professor de Português, que muitas vezes tem de trabalhar em mais de uma escola, com obrigação de dar conta de conteúdos extensos, o que faz com que o ensino se torne ineficiente e superficial", relata Peixoto Filho. As respostas foram agrupadas em gráficos que mostram a visão tanto dos professores quanto dos alunos. Entre as análises, Peixoto Filho destaca que os dois grupos julgam necessário o ensino da gramática para aumentar as possibilidades de sucesso na vida profissional. "Fica claro que o aluno não pode mais sair da escola mantendo as velhas dificuldades na elaboração do texto escrito. Na vida real, se ele apresentar textos com erros de concordância, por exemplo, será discriminado tanto social quanto profissionalmente. É como se pudéssemos fazer uma associação entre o domínio da norma culta – que só é possível com o mínimo de gramática – e o grau de instrução e conhecimento", afirma o pesquisador.
(Fonte: Planeta Universitário)