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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Dilma discursa sobre mudanças climáticas na ONU Autoridades da área criticam discurso da presidente




Ao discursar na Conferência de Clima da ONU ontem (23), a presidente da República, Dilma Rousseff falou que o Brasil é um exemplo de que um modelo de desenvolvimento sustentável é possível. Dilma enfatizou a diminuição do desmatamento na Amazônia como a maior contribuição para redução das emissões de gases efeito estufa no país. Porém, essa importante conquista, fruto de esforços da sociedade, de setores de mercado e de ações do governo está sob séria ameaça. A queda do desmatamento foi interrompida na medição do ultimo período, apresentando aumento de 29%. Dados recentes do INPE apontam que esse ano temos um nova tendência de alta de 9% para este ano. Além disso, com o novo Código Florestal, aprovado em 2012, o governo federal anistiou o desmatamento ilegal, fazendo a alegria daqueles que derrubaram a floresta apostando na impunidade. Outra ameaça está hoje no Congresso Nacional, onde tramitam projetos de lei que colocam em risco Unidades de Conservação e Terras Indígenas, mecanismos que são comprovadamente os mais eficientes na preservação das florestas. “No chão da floresta, a falta de ações do governo é muito maior do que o discurso da presidente na ONU dá a entender”, defende Marcio Astrini, coordenador do Greenpeace. Para ele, a exploração de madeira na Amazônia, forte vetor de destruição florestal, está fora do controle: entre 60 e 80% de toda a madeira explorada é ilegal, o que acarreta no aumento significativo da violência na região. Sobre energia renovável, Dilma anunciou para a plateia da ONU que o país investe nesse tipo de geração. Não é o que se vê na prática: o Plano de Expansão Decenal de Energia, anunciado há uma semana, prevê que 70% dos investimentos no setor de energia serão voltados aos combustíveis fósseis. Para as renováveis, como eólica, solar e biomassa, serão apenas 9,2% e, para os biocombustíveis, 6,5%. Energia Solar, que poderia abastecer mais de 10 milhões de residências e baixar tanto a conta de luz quanto o custo ambiental do país, ainda é vista pela presidente como energia de pouca importância. O pouco investimento nessas fontes ocorre ao mesmo tempo em que o governo prioriza grande usinas hidrelétricas na Amazônia. Quase metade da expansão de eletricidade prevista de capacidade instalada no Plano de Energia é voltado para grandes hidrelétrica, a maior parte delas na Amazônia, que embutem enormes impactos socioambientais e tem sua viabilidade econômica contestada. Texto de Gerry Marcio Sozza – Ativista do Greenpeace.