O ex-deputado e ex-presidente da ALERJ, Jorge Picciani |
Chega ao fim a “era” Picciani?
Com a eleição do deputado estadual Paulo Melo (PMDB), à presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), encerra-se o ciclo do ex-deputado Jorge Picciani (PMDB) na ALERJ. O político que ficou à frente do Poder Legislativo do estado por oito anos, sucedendo o atual governador Sérgio Cabral Filho, seu amigo, é filho de um padeiro e uma doceira e entrou na política através do Partido Social Brasileiro (PSB), concorrendo como deputado estadual e vereador pela capital, sendo derrotado em ambas às vezes, no bairro onde nasceu e foi criado, Mariópolis, subúrbio do Rio. Foi eleito pela primeira vez deputado estadual no Partido Democrático Trabalhista (PDT). Em seguida filiou-se ao PMDB, sendo sempre reeleito.
Em 2006, lançou a candidatura de seu filho Leonardo para deputado federal e recentemente ao optar pela candidatura ao Senado Federal, lançou outro filho, Rafael, a uma cadeira na ALERJ. Rafael foi eleito, o pai não. A trajetória de Picciani foi marcada por diversos avanços: criou a TV Alerj, a Escola do Legislativo e o Parlamento Juvenil. O site teve mais transparência e a presença dos parlamentares e as viagens que os mesmos fazem, passaram a ser do conhecimento público. Com Picciani, as minorias tiveram espaço nas Comissões Permanentes. O deputado Marcelo Freixo (PSOL), menos votado em 2006, foi escolhido por Picciani para presidir a Comissão de Direitos Humanos. A polêmica e eficiente deputada Cidinha Campos (PDT), para presidir a Comissão de Defesa do Consumidor. Ambos deram certo. As polêmicas também fizeram parte da trajetória de Picciani. Contador e estatístico por formação e pecuarista por opção, Picciani preside o milionário Grupo Monte Verde, gigante na produção de gado de alto desempenho, que possui fazendas no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso. Em 2003, passou por um dos momentos mais turbulentos: A denúncia de escravidão em uma de suas fazendas, em São Félix do Araguaia, Mato Grosso. Lá, o Ministério Público do Trabalho, constatou que dezenas de trabalhadores trabalhavam em regime de escravidão (servidão por dívida). Picciani e a Procuradoria Regional do Trabalho formalizaram o Termo de Ajuste de Condutas.
Na eleição ao Senado Federal, Picciani contava com o apoio do governador e era o candidato do governo estadual. Apoiado por dezenas de prefeitos tinha pela frente o desafio de enfrentar nas urnas, pesos pesados da política: o ex-prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), o ex-prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT) e o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). Picciani superou Maia. Lindberg e Crivella, com o apoio do ex-presidente Lula, foram eleitos. Agora a ALERJ, elegeu o “candidato” de Picciani, Paulo Melo. Mas fica uma pergunta no ar: Paulo Melo fará o que Picciani mandar? Lembro-me que em 2009, Picciani esteve em Japeri, para a solenidade de entrega de Título de Cidadão Japeriense ao filho Leonardo. Na oportunidade, Picciani confidenciou a mim e a ex-deputada Waldeth Brasiel (PR): “Serei senador. Serei eleito com mais de um milhão de votos na frente do segundo colocado!”. Perdeu para Crivella (2º colocado) por 300 mil votos de diferença. Picciani não foi convidado a ser ministro de Dilma e se foi convidado para o secretariado de Cabral, preferiu ser presidente do PMDB e reorganizar o partido no estado. Cenas do próximo capítulo...